Às vezes os textos bíblicos mais simples são aqueles que trazem  as lições mais profundas e difíceis de serem aprendidas. Nesse livro, o Pastor Timothy Keller discorre sobre onde está o cerne da fé cristã,  por meio da passagem do filho pródigo. De forma didática e fácil, Keller nos chama a atenção para aspectos do contexto cultural judaico da época de Jesus e o contexto em que a história está sendo contada (audiência). Além disso, estabelece uma conexão com outros relatos bíblicos (a moeda perdida, a ovelha perdida) que nos esclarece o significado dos relatos menores e a grandiosidade por trás da história do filho mais novo que pede sua parte da herança ao pai vivo e sai em busca dos prazeres do mundo. Quando seu dinheiro acaba e ele se vê na miséria, seu plano é de retornar ao pai e se oferecer para ser um dos empregados. O pai, alegre em ter seu filho de volta, organiza uma grande festa para receber seu menino, provocando a inveja do filho mais velho que diligentemente sempre obedeceu seu pai. 

Simplistas que somos, comumente interpretamos a palavra “pródigo” com uma conotação negativa. Pródigo, por definição, quer dizer esbanjador, gastador e, à primeira vista, faz alusão ao filho mais novo. Outra simplificação que fazemos com essa parábola é colocar a centralidade da história no jovem esbanjador, relegando ao Pai e ao irmão mais velho os papéis de meros coadjuvantes. A interpretação superficial e simplista não é o caminho, segundo Keller. Ao longo de sete capítulos (168 páginas), ele discorre sobre o papel de cada um dos personagens e vai montando as peças do quebra-cabeça de maneira que passamos a entender que nós somos tanto irmãos mais novos como irmãos mais velhos, mas que, felizmente, somos filhos de um Pai esbanjador em amar e perdoar. Um Pai pródigo.

Info: “O Deus Pródigo: Descubra a essência da Fé Cristã na Parábola mais tocante de Jesus” de Timothy Keller. Editora Thomas Nelson Brasil. Recomendo fortemente a leitura do texto bíblico (Lucas 15:11-32) para que você possa desfrutar de cada detalhe intrigante que Tim Keller esmiúça ao longo de sua análise.